O novo programa de crédito consignado do governo federal, chamado “Crédito do Trabalhador”, traz mudanças significativas para trabalhadores da iniciativa privada.
Agora, cerca de 39 milhões de trabalhadores poderão acessar empréstimos com taxas de juros mais baixas, utilizando o FGTS como garantia.
Como funciona o crédito consignado para trabalhadores
O crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada é uma modalidade que permite o desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento. Isso significa que, ao contratar um empréstimo, o valor das parcelas será automaticamente descontado do salário do trabalhador, o que garante maior segurança para os bancos e, consequentemente, taxas de juros mais baixas.
Para ter acesso a essa modalidade, o trabalhador deve estar sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A análise de crédito será baseada nas informações do eSocial, que reúne dados sobre a vida laboral do trabalhador. Em caso de demissão, o trabalhador poderá utilizar parte do seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para o pagamento do empréstimo. Isso inclui 10% do saldo disponível e os 40% da multa rescisória.
Os bancos terão liberdade para negociar as condições de garantia com os trabalhadores, o que pode incluir a possibilidade de oferecer diferentes opções de pagamento e taxas. Além disso, o governo disponibilizará uma plataforma específica onde os trabalhadores poderão acessar essas informações, além de aplicativos bancários e agências físicas.
Para facilitar a escolha do melhor empréstimo, será criado um mecanismo que permitirá a comparação das taxas de juros oferecidas por diferentes instituições financeiras. Isso é fundamental para que o trabalhador possa encontrar a opção mais vantajosa e evitar o superendividamento.
Critérios para análise de crédito
A análise de crédito para o “Crédito do Trabalhador” considera diversos fatores que ajudam a determinar a capacidade de pagamento do trabalhador. Entre os principais critérios estão:
- Tempo de emprego: Quanto mais tempo o trabalhador estiver na mesma empresa, maior será a sua estabilidade e, portanto, a confiança dos bancos em conceder o crédito.
- Faixa salarial: A renda mensal do trabalhador é um fator crucial, pois ajuda a definir o quanto ele pode comprometer de sua renda com as parcelas do empréstimo.
- Vínculo com a empresa: O tipo de contrato e a relação do trabalhador com a empresa também são avaliados. Um vínculo estável pode aumentar as chances de aprovação do crédito.
- Adimplência: O histórico de pagamentos do trabalhador em relação a outros créditos é analisado. Um bom histórico de pagamento é um indicativo de que o trabalhador é responsável e pode honrar suas dívidas.
- Porte e risco da empresa: A saúde financeira da empresa onde o trabalhador está empregado também é considerada. Empresas maiores e mais estáveis geralmente oferecem mais segurança para os bancos.
Além desses critérios, o governo planeja cruzar as informações coletadas com dados de birôs de crédito, o que permitirá uma análise mais precisa e ajudará a minimizar os riscos de inadimplência. Essa abordagem visa garantir que o crédito seja concedido de forma responsável, evitando que os trabalhadores se endividem excessivamente.
Trabalhadores que já possuem contratos de outros tipos de crédito poderão migrar para essa nova linha de crédito, desde que o comprometimento da renda não ultrapasse 35%. Essa migração funcionará como um refinanciamento, oferecendo condições mais favoráveis e taxas de juros reduzidas, permitindo que os trabalhadores tenham acesso a crédito de forma mais segura e acessível.